“Este exemplo é usado para explicar a peculiar situação do sofrimento do homem, dando uma mente humana a uma onda do mar. Se falarmos para a onda que ela é o oceano, ela precisa compreender primeiramente que a verdade da onda é o oceano. Ela tem que transcender a sua ondidade, a sua identificação com a forma de onda. Então, onda é palavra e significado. Oceano também é palavra e significado.
A onda atlântica está deprimida, pois percebe que vai morrer na beira do mar, da qual se aproxima inexoravelmente. Ela se sente insignificante, desolada. Aí, aparece uma onda do Oceano Índico do lado dela: “Namaste! Tudo bem?” A onda índica diz para a outra: “você parece triste. O que lhe preocupa?”
A atlântica responde: “eu era uma vaga enorme no meio do mar, mas fui trazida pelos ventos para esta plataforma continental e fui perdendo tamanho gradualmente, até me tornar deste tamanho. Agora estou vendo que vou me despedaçar naquela praia e não consigo evitar esse final.”
A onda índica lhe responde: “eu também sou uma onda, também já fui uma vaga bem grande e, como você, irei igualmente me desintegrar naquelas rochas da praia. Mas, estou tranquila.” A outra lhe pergunta: “mas como você pode estar assim tão tranquila, sendo que nós vamos parar de existir daqui a pouco?”
A onda índica diz: “olha, você é o oceano. Este Ser que você é, é o oceano, não a onda. Olhe para os lados, você existe no oceano, você nasceu no oceano, sua natureza é o oceano. A verdade da onda que você é, é o oceano. Todas nós, vagas, ondas e marolas, somos apenas oceano”.
Esta é uma onda iluminada que, enquanto vive, é livre e celebra. Celebra o fato de ter um corpo de onda enquanto esse corpo dura sabendo que ela, intrinsecamente, é pura água e que, no fim do seu período associada ao corpo da onda, irá continuar sendo o que sempre foi: puro oceano.
A dualidade é óbvia. A não-dualidade não é óbvia. Senão, não precisaria ser explicada. Compreender a ilusão da dualidade nos liberta de todos os sofrimentos!”
O texto acima foi falado por Swāmi Dayānanda e traduzido gentilmente por Pedro Kupfer
“Pai, eu sou a onda faz de mim o mar”(Paramahansa Yogananda)
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